terça-feira, 4 de novembro de 2008

Futuro de um pretérito mais-que-perfeito

E eu choraria sereno, fino. Quieta. Aquelas lágrimas impossíveis de amor vertendo, condensado. E você já saberia que, em casos como esse, aconselhável é não falar. Apenas me tomaria como coisa certa, coisa nova. E, com toda a calma que esse momento pediria, me redescobriria devagar: meu rosto, cabelo, minha orelha, nuca e me faria devagar qualquer coisa emocionada.

De sopetão, livraria-se dos lençóis e levantaria-se da cama. Voltaria-se sorrindo e terno e, como se eu fosse criança boba sem entender o porquê daquilo, faria “peraí”, sacudindo pequeno a palma da mão aberta. Eu ficaria ali na sombra do teu sorriso, te admirando orgulhosa. E você nem se demoraria escolhendo o CD.


Discover Nina Simone!
(aperte o play!)



Voltaria-se com passos rápidos e, antes que o piano começasse a tocar, me estenderia a mão. Levantaria-me e te abraçaria com toda vontade que pudesse reunir ali. E dançaríamos tanto e tão miúdo, que até perderia a conta do tempo.

Nenhuma palavra precisaria ser evocada e eu saberia que a escolha a certa.



terça-feira, 21 de outubro de 2008

Sobre a efemeridade de nossas vidas.


Hoje fiz muitas ligações, porém, dentre tantas e entre tantos casos e causos que ouvi, uma, especialmente, me chamou a atenção:
Liguei à procura de uma senhora - constava em nossos arquivos o não-pagamento da última parcela de seu carnê - e ao ligar uma garota atendeu, tranquila, voz calma. Ao perceber que não se tratava da pessoa a quem eu procurava, não entrei em maiores detalhes, comuniquei apenas o nome da empresa e não me demorei. Tão logo ela reconheceu o nome da empresa, informou de pronto que todos os pagamentos estavam sim efetuados.
Como de praxe, informe que se fazia necessário passar um fax do comprovante, sob pena do nome da cliente ser negativado. Ela me informou que se tratava de sua mãe, e que, ao adquirir o material estava doente, vindo a falacer alguns meses depois...
Nesse momento emudeci.
(,,,)
Situações assim costumam acontecer, porém essa, hoje, me fez refletir sobre o quão efêmeros somos e o quanto de sopro de vida há em cada um de nós.
Aquela senhora, que agora jaz em seu túmulo, fez planos, projetos, construiu sonhos, assumiu compromissos, dívidas e sumcumbiu.
Não estamos prontos pra nossa própria morte, mas nos desgastamos tanto com coisas fúteis e vazias. Perdemos nosso curto tempo com atitudes estéreis e não sabemos o que está por vir.
Essa ligação, em especial, me fez refletir sobre o que tenho feito de meus dias e o quanto de boas ações - voluntárias - tenho praticado.
Me fez temer deixar meu filho, e muito mais, ainda, que ele me deixe.
Isso me tocou.
Então, caros meus, não sejamos levianos com os sentimentos alheios, e não aturemos gente leviana. Não projetemos injustiças ao nosso próprio favor.
Temos apenas um sopro de vida, e não sabemos o quanto de fôlego ainda nos resta.
Não sabemos quão saudosos seremos depois que partirmos.
É preciso fazer nossa vida hoje! Projetar boas obras no agora!!
Porque o amanhã jaz num pedido formal de desculpas e numa desconsideração de cobrança indevida...

terça-feira, 14 de outubro de 2008

O milagre da vida

Texto escrito em 02 de outubro de 2008.

Eu poderia começar esse texto contando da trajetória de luta e espera até aqui. Poderia falar dos sofrimentos e das dores, das dúvidas e dos sonhos, mas não. Hoje não! Hoje é dia de alegria. Não é dia de lembranças obscuras do que poderia ter sido. Hoje é dia do que é! Dia de contar pra vocês que meu bebê é absolutamente perfeito, que brinca dentro da minha barriga como se estivesse numa piscina de bolinhas. Perninhas pra lá e pra cá, mãozinhas pra cima e pra baixo, piruetas. Ele pega um impulso com as perninhas e se joga pro outro lado numa destreza como se não tivesse apenas 5 centímetros (na realidade com as perninhas, uns 8).

De declarar pra vocês que ele é a maior alegria da minha vida. Que nada, nem de longe nesses meus 34 anos de vida me deixou tão feliz, me sentindo tão abençoada, tão completa.

Hoje esperando na sala do consultório, disse ao Zago que estava sentindo que ia enfartar! De tanta ansiedade, de tanta emoção. Meu coração parecia não suportar a espera por saber tudo o que soube, por constatar que Deus está trabalhando em mim e que sim Ele tinha um plano muito maior e que toda tristeza, toda dor e medo não foi em vão. Tudo vem na hora que tem que vir e sei que esse é o melhor momento pra que esse ser que gero em meu ventre venha ao mundo. Chegará a um lar repleto de tanto amor, de tanta paz e de tanta luz que acho que lá da minha barriga ele já pode sentir!

Amigos, hoje mais do que nunca, agradecer TODOS os momentos de força que me passaram. Não sabem como isso foi fundamental. Fundamental.

Poder vibrar e comemorar com vocês hoje é mais que uma benção!!!!

Beijos nossos...

Atualizado em 14 de outubro de 2008:

Hoje, com 13 semanas, ele está ainda mais lindo e forte, já dobrou de tamanho desde o ultimo ultra. Já ouvi seu coraçãozinho, tão forte, batendo a 160 por minuto no consultório (antes só através da ultrassonografia era possível). Minha barriga já está aparecendo e a fase mais crítica já passou e agora respiro aliviada, só desfrutando da felicidade de ver meu filho crescendo. É o milagre da vida acontecendo em mim. Não poderia me sentir mais abençoada.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Para você, com toda a minha sinceridade.


Você vai morrer de câncer!

Pode esperar!

Você vai morrer de morte silenciosa, dolorosa e sozinho.

Pessoas como você acabam assim, não há como fugir à regra.

Esse seu ar de superioridade, esse seu pouco caso com as coisas que lhe são apresentadas, essa sua pretensão em achar que todos à sua volta são menores do que você e que você está acima de tudo, não passa, na verdade, de uma ilusão criada por sua mente doente, pra esconder sua fraqueza. Seus olhos, que não fitam outros olhos, demonstram bem quanta tristeza e vazio existe em você.

Talvez você tenha criado esse personagem pra fugir da vida triste e de abandono que você teve.

Dá pena! Sim, dá!

Você não tem nada!!! Nem bens materiais. Nem afetivos. Nem amigos verdadeiros.

É oco. Rejeitado. Infeliz. Pobre.

Não consegue transmitir confiança a ninguém e as pessoas tripudiam de você, pelas costas, claro, porque você não se dá a liberdade de parecer normal, humano, de sentar e conversar francamente com alguém. Agarra-se ao que não é seu e vai levando essa mentira até onde aguentar.

Você é pobre de vocabulário, motivo pelo qual, talvez, fale tão pouco.

Sua gramática é irrisória e sua redação vergonhosa.

Você é pobre de sorriso, e seja essa, talvez, uma de suas maiores pobrezas...

Você é pobre de espírito.

Engana, mente, trapaceia.

Sente-se grande em humilhar quem você julga mais fraco.

Sinto muita pena de você, principalmente quando você me subestima...

Esse é o único sentimento que eu consigo ter sobre você.

Talvez, daqui há uns meses, ou anos, eu saiba por ai de sua condição terminal, sentirei ainda mais pena porque você teve a chance de mudar seu destino, mas preferiu viver na mentira do seu castelinho de areia.

O vento é implacável! Ele sempre derruba castelos de areias que as crianças erguem...

Cresça, assuma a postura de homem! H-O-M-E-M de valores e princípios.

Nem coragem de formar uma família você tem!

Quem não se doa, quem guarda tudo pra si, quem não dá o sangue, quem não luta por uma causa, morre só. A mingua.

Nunca quis ocupar esse troninho ilusório que você pensa possuir.

Continuo sentindo muita pena de você.


Que a medicina avance e cure seu melanoma e você ainda tenha uma chance de viver - (A)Efetivamente!!


Cordialmente,

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Recado para ele que entendeu tudo errado!




Eu sabia, desde a primeira palavra dita e escrita, que corria o risco de não ser compreendida. E corro mais uma vez. Sou passional, subliminar e a minha tendência ao exagero chega ao ponto de me tornar quase caricata. Te avisei? Não? Pois é... Então, veja bem meu lindo, eu não estou apaixonada por você. Mas talvez quisesse vê-lo amanhã e o quis ontem, e sentia falta quando você não me dava notícias, ainda que por mensagens curtas. E eu sentia ciúmes. Isso para você pareceu pressa. Para mim, humanidade. Não te vi como uma certeza, mas ousei vê-lo como uma possibilidade, confesso. Isso bastou para te deixar imaginando que eu andava anos luz à tua frente no quesito "gostar". A verdade é que talvez eu chegasse a me apaixonar por você se um dia tivesse visto reciprocidade nos teus olhos, ao invés de medo e susto, quando eu era direta e te fazia as perguntas que me causavam dúvidas, te chamava para perto nos momentos de vontade e te dizia as verdades que pairavam na minha cabeça! Você entende do que estou falando, não? Será que mais uma vez estou escrevendo tão subjetivamente? Não quis de ti promessas, certeza de um futuro bom, algemas na vida, obrigações, tensões. Quis que estivesse por perto vez em quando, ou vai ver que quis que desejasse estar por perto. E só. Porque eu sei que é a partir desse "perto" que qualquer coisa pode acontecer (ou não acontecer). Mas como você disse, não pode fazer mais nada além do que está fazendo (que parece ser manter uma distância "segura" de mim). E se você não sabe o que é melhor para se fazer agora, talvez eu tenha que descobrir. Minhas desculpas por te deixar pisando em ovos. Nunca foi a minha intenção, até porque a garotinha que mora aqui já passou por poucas e boas, ouviu meio mundo de coisas e não se surpreende fácil. Obrigada por ter me dado respostas. O silêncio permite mil interpretações. O explícito deixa tudo claro. O silêncio me torturaria. E eu não sou masoquista.

Tem mais. Eu não sou uma mulher para ser entendida, sou uma mulher para ser beijada.

Por fim, acredite, você também é especial.

Beijos.


* Porque a verdade é que eu o quero. E o quero muito! Mas no momento em que ele suspeitou desse muito, entrou em pânico e ficou cheio de "não-me-toque" (ou pelo menos eu achei que sim). Escrevi uma coisa, ele compreendeu que era outra, então veio com uma resposta que me pareceu um "adeus" e, não sei se por medo de quebrar a cara mais uma vez, ou se por instinto de jogo, mas mereceu isso que se lê acima.
O resultado chegou poucas horas depois e mais ou menos assim: "J, você é uma INCÓGNITA para mim!!! Também tenho vontade de te ver e a gente não se falou esses dias por simples desencontro mesmo... normal de uma semana corrida... Quando falei que não podia fazer mais nada, não era com relação às minhas atitudes, não. Era só com o fato de estar sendo sempre o mais honesto que posso contigo. Vamos assistir a um filme aqui em casa quinta-feira??? A gente vê o que é melhor para você. Combina. Se fala."
Depois tiveram três ligações, dengo na voz e um final de noite feliz.

Porque, diabos, homens e mulheres simplesmente não falam a mesma linguagem? Se a gente se entendesse seria tão mais fácil... E não adiantam me falar dos tais planetas diferentes (Marte e Vênus). Será que dava para eu ser compreendida? Hunf!

PS. Claro que depois vem um post explicando quem é o novo ragazzo!


terça-feira, 9 de setembro de 2008

Nada mais no lugar.




A princípio, eu não gostei do cheiro do seu pescoço.

Mas depois percebi que não era no pescoço que se tratava. Era do seu nariz, da sua boca. Você todo tem um cheiro estranho. E você é rosa-neon e sua demais. Por que eu não me levei a sério? Por que eu não me levo a sério? Por que eu ainda insisti, se eu definitivamente não tinha gostado de você de cara? Não, meu bem. Não é porque você é um delicinha, não. Você cheira à manteiga rançosa. Desculpa, mas este foi o único eufemismo que consegui.

Porque, pra mim, sempre teve que ser pra tirar o pé do chão e viajar junto. “Mas eu gosto cada vez mais de viajar sozinho”, você me disse e pensou que eu não fosse entender sua frase. Claro que o contexto era diferente, mas estava dito. Mais uma coisa: além de você cheirar a bacon, ainda menosprezou meu talento e minha inteligência. Ah, não.

E sábado você quis colocar o papo em dia.

- Que?

Vanessa da Mata bombava no meu iPod mental. Tinha orquestra, tinha piano. E tinha ele. E eu estava lá. Toda lá. Toda dele.


Case-se comigo, antes que amanheça, antes que não pareça tåo bom partido.
Antes que eu padeça, case comigo. Quero dizer pra sempre que eu te mereço, que eu me pareço com o seu estilo. E existe um forte pressentimento dizendo que eu sem você é como você sem mim.
Antes que amanheça, que seja sem fim antes que eu acorde, seja um pouco mais assim.
Meu príncipe, meu hóspede, meu homem, meu marido

Meu príncipe, meu hóspede, meu marido.
Case-se comigo antes que amanheça, antes que não me apareça tão bom partido. Case-se comigo. Antes que eu padeça, case-se comigo. Eu quero dizer pra sempre que eu te mereço, que eu me pareço com o seu estilo. E existe um forte pressentimento dizendo que eu sem você é como você sem mim. Antes que amanheça, que seja sem fim.

Antes que eu acorde, seja um pouco mais assim.



- bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla... E você?
- Oi?
- E você, tudo bem?
- Pois é, então (
sempre uso esta frase quando eu sei o que dizer, mas não quero). Tenho que fazer um interurbano, desculpa. Com licença.
- Vai viajar?
- Já estamos, eu e ele.


.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Sobre a Martha e meus textos




Descobri!
Cá estava eu, angustiada por não ter nada pra escrever nesse blog, morrendo de urticária ao ver todo mundo escrevendo, menos eu, precisando de uma luz no final do túnel e resolvi recorrer a minha ídolo mor, Martha Medeiros.
Precisava entender como é que essa mulher tem toda semana criatividade pra escrever em duas colunas, no Blog, escrever peças, livros e olha só, até poesia. Ai meu Deus, não seria possível que o Senhor tenha privilegiado tanto uns e tão pouco outros com criatividade. Não, não me convenço disso. Vou lá, ler tudo e tentar descobrir o causador.
Já fui sabendo que para mim sempre foi muito mais fácil escrever na dor do que no amor. Sim, como o sofrimento nos sublima e nos permite os textos mais lindos do mundo. Mas, caramba, se for assim não quero nunca mais escrever uma linha só que seja! Estou em um momento tãoooooo bacana da minha vida, isso também deveria inspirar. Mas, beleza, vamos lá ler um pouco de Martha.
Já chego e descubro que ela está em Londres. Passeando por cada cantinho, falando bem das maravilhas do primeiro mundo. Ah e amanhã segue pra Paris. Ula-lá... Paris. Mais abaixo conta que já conhece quase o mundo inteiro e se queixa de ainda não ter visitado o Equador (Equador? Pra quê? Estando em Paris? Ai meu Deus! Rs).
É, viajar assim deve obviamente dar mais criatividade. Eu deveria entender disso, vivo disso. Quer dizer, vivo de vender isso. Enquanto o povo viaja, eu fico aqui, sonhando em escrever como a Martha. Ê laia!
Mas tudo bem! Vamos lá, já que não viajo, vou ler mais. É fato que ando lendo pouco. Ido a cinemas, teatros e exposições praticamente nada. E vamos combinar que não é assistindo “A Favorita” que minha mente vai explodir com os textos mais fervilhantes da minha vida, correto?
Queridos esse textinho é só pra dizer que estou tentando retomar minhas letrinhas! Tenho tantas coisas boas pra contar, mas isso deixa pros próximos textos. E vamos que vamos. Não sou Martha, mas sou Carine! E isso é MUITA coisa, rs!
Bjs!

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

O Chamado!


Mulher é um bicho curioso (no sentindo amplo da palavra)

*Toca o telefone...*
Ela: Alô?

Eu: Bom, dia, por favor, eu gostaria de falar com o sr. Fulano de Tal...
Ela: Pode falar, aqui é a ESPOSA dele.

Eu: Srª Fulana, meu nome é cicrana, sou da empresa... blá, blá, blá, e até o momento não identificamos os pagamentos das 6 últimas parcelas do contrato e o nome dele será negativado junto ao SPC e SERASA...
Ela - interrompendo - Sabe o que é? É que nós estamos SEPARADOS e eu não tenho mais contato com ele...
************************

*hããããn??????????*

sábado, 30 de agosto de 2008

Vem pra Caixa você também, vem!



Fim de mês, último dia últil, último dia da semana, pagamento de salários, aposentadorias, bolsas-família, e todas as outras coisas que se faz em bancos. Na minha cidade as agências abrem às 10h, mas, em datas como essa, as pessoas invadem as salas do auto-atendimento já às 6h.
Nesses dias podemos ver de perto cenas gratuitas de descaso, desrespeito, desaforos e outras palavras que o prefixo lhe couber.
Nesses dias, vemos bem de pertinho aquelas pessoas que não aparecem nas revistas de moda, sabem aquelas pessoas que o glamour tenta esconder? Pois é, ali enxergamos pessoas sem dentes - mas que sorriem tão comovente e escancarado - com cabelos por pentear, pessoas cheirando mal, ou cheirando tanto e algo assim tão forte que nos enjoam.
Ali também encontramos crianças descalças, crianças perebentas (feio né? mas é assim mesmo), mulheres grávidas de seu quarto ou quinto filho, segurando dois pequenos, enquanto eles brincam de se esconder pelas pernas dos outros.
Lá está aquilo em que não pensamos, no alto de nossa juventude e vigor.
Alí, naquela agência cheia de paredes de vidro, está exposta a vergonha que fingimos não saber. O Brasil enrrugado, que suja as mãos de tinta azul no afã de assinar e validar algum documento, cansado de trabalhos exaustivos, e tão mais cansados ainda de serem ignorados.
Levam - elas - seus documentos enrolados em sacolinhas plásticas e suas senhas, anotadas num pedaço de papel, muitas vezes guardadas no lado esquerdo do peito, no sentido quase literal da palavra, pessoas que foram exploradas durante toda uma vida e que, hoje, contam os dias - ah, sim! contar elas sabem - à espera do fim do mês pra receberem seu salário que 'o governo' lhes deu.
Pois, até onde sei, todo mês é assim, mas hoje, na agência da Caixa Econômica Federal, em Vitória de Santo Antão, às 9:30 da manhã, OITO dos OITO terminais de auto-atendimento estavam sem dinheiro. Centenas de pessoas se espremiam em filas que se perdiam, entre os que aguardavam o horário de abrirem as portas agência e os que esperavam, ávidos, pelo seu merecido e esperado benefício. Até as 11:30 apenas dois terminais haviam sido reabastecidos.
Enquanto presenciava essas cenas, me vieram à lembrança as promessas, tão vazias quanto absurdas, que sou, quase, obrigada a escutar diariamente no horário - gratuito - e político. Confesso que me senti envergonhada por não poder fazer nada. Senti-me envergonhada por observar, atônita, enquanto minha mente ortodoxa era invadida por pensamentos insamos, o quanto elas se conformam e não têm nem forças de reivindicar seus direitos, que aliás, nem conhecem... Justo hoje que resolvi ir trabalhar montada em meu scarpin, passei longas 3 horas naquela sala, quente, abafada, tumultuada e mau-cheirosa do banco. Enquanto meus pés doíam, me imaginava, num ato de rebelião, segurando uma marreta e quebrando todas aquelas paredes de vidro, já manchadas de marcas de mãos, e enquanto os vidros caiam, eu ria ensandecida...
Vi, ali, pedaços de vidas, pedaços de conversas, pedaços de senhas caidas, pedaços de gente, como eu, pedaços de um Brasil maltratado mas que não perde as esperanças e que trabalha e luta e sorri, ainda que seus dentes já se tenham ido.
Está aqui exposto meu desabafo em mais uma de minhas lambanças bancárias!

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

All we can do is keep breathing



Tem tanta coisa fora do lugar aqui que, meu Deus...
Eu aprendi que não se olha para trás, mas continuo a fazê-lo. Erro! Seria como comparar você a um pecado tão grande que, só o fato de lembrar teu nome, já é auto-flagelação. Dói fundo no peito saber de tudo aquilo que jamais voltará a ser. Dói mais ainda enxergar os planos, que antes eram feitos com tanto primor, são agora motivo de graça e vergonha.
Mas tudo foi alegria um dia. Tanta, que os textos eram outros, os risos eram outros, eu era para outro. E era outra. Mais feliz em tantas coisas, infeliz em outras tantas. Você foi a balança que nunca soube equilibrar minhas emoções e me ajudou a desacreditar no futuro prometido. Me perdi de você na névoa que cobriu o nosso "
sono insosso" (há de chegar para todos?). E como li dia desses, ao acordar percebi que só tinha sobrado neblina de nós dois.
Eu respiro. E sigo. Passo, a passo.
Me restou uma força estranha, que mal reconheço como minha, e a vontade te ter novamente ar fresco enchendo o peito.

Não espere por mim. Não voltarei para a cama essa noite. Não dormirei mais um único
"sono insosso" ao teu lado. Em um bilhetinho azul, como Cazuza faria, te deixo escrito com tinta preta, do rímel que escorre dos meus olhos agora: "...se tudo tem que terminar assim, que pelo menos seja até o fim, pra nunca mais ter que terminar..."

Adeus.



terça-feira, 26 de agosto de 2008

Tempo...



O que antes era desejo louco, simplesmente se transforma na cômoda consciência de ver que o outro tá ali do lado...

E deitamos e dormimos um sono insosso...

sábado, 23 de agosto de 2008

Imbranato...

E' iniziato tutto per un tuo capriccio, io non mi fidavo... era solo sesso.

Naquela época eu não suportava a idéia de estar longe do teu corpo, que ardia na saudade de te ver.

E quando eu te encontrava?

Era TUDO!

Mas tudo aquilo não poderia ir mais além, sara il vento, sara il tempo, sara...... fuoco!

Tudo parecia não ter sentido e ao mesmo tempo ser a única verdade absoluta...

Mas, o tempo passou, e o vento se encarregou de levar cada coisa pro seu devido lugar... ou não.

E pra onde foi a febre, o que foi feito com a chama que fumegava?

Não sei.

Sei que de mim restam apenas lembranças.

E um comichão, que vez ou outra faz coçar meu peito, de não sei quê.

Apenas lembranças maltratadas.
Apenas sonhos respeitados e engavetados.

Apenas, all'idea di averti accanto e sentirmi tuo soltanto.

Apenas lembranças do que fomos e do que não sou!!!

Scusa sai se provo a insistere, divento insopportabile...

(...)!

domingo, 17 de agosto de 2008

Complexo de vira-lata*



Eu adoro Olimpíadas. De verdade. Só não acordo de madrugada pra assistir às transmissões porque meu sono é precioso. Mas acordo mais cedo pra ver, como hoje, por exemplo. Domingão, acordei às 8h30 pra assistir alguma coisa que eu sabia que estaria rolando.

De fato: primeiro foi a competição da ginástica artística.

Serei simples e direta: o que se passa com as meninas da ginástica artística? Por que o descontrole? Por que o desespero? O Artur Xexéu hoje, no Globo, disse que parece que a Jade odeia ginástica. O Masili com toda razão do mundo acusou-as de emo. Eu acho que elas precisam de uma psicóloga djá. Tô à disposição.

Depois veio o vôlei de praia. Esqueci o nome das brasileiras. Renata e a outra moça lá. Jogaram pra cacete. Nããããão, mas o comentarista ficava enchendo a bola da australiana com nome de biscoito. "Porque a Cook já foi medalhista olímpica, porque a Cook isso, a Cook aquilo". Meu Cook com isso. Saco. As australianas comeram muita areia, essa tal de Cook com 33 anos, já velhinha pra cacete e ninguém ousou falar que as brasileiras comeram as australianas e só cuspiram os ossinhos depois. Por que isso? Nosso vôlei é o melhor e ponto.

Ah, esse negócio de Olimpíadas me irrita.

* Era como meu muso, Nelson Rodrigues, chamava nossa postura diante das demais nações. I love Wikipedia.

domingo, 3 de agosto de 2008

Carta ao desgraçado do Centro-Oeste

De você eu sempre esperei qualquer coisa. Não. Qualquer coisa inclui as boas coisas. De você é sempre o pior. O pior. Esse olhar de cachorro sofrido, essa clemência de pena, de piedade, de dó. Esse jeito de querer ser acima do bem e do mal e consegue só ser nada. Essa mania de se desculpar por ter que viver. Essa tua vida por conveniência. Essa covardia, esse eterno susto, sobressalto. Essa pouca dignidade do seu nariz adunco. Você tentou convencê-la de que seria bom. Fácil, pelo menos. Mas ela não acreditou. Talvez porque para ela não se tratasse de sobrevida.

Você é o catalizador do que há de pior em mim. Meu nojo, meu ódio, minha raiva, minha violência. Toda minha violência. Você evoca tudo que fede, tudo de podre. Queria acabar com teus sentidos. Queria que não houvesse rastro da tua existência mesquinha, queria acabar com qualquer rastro da sua passagem pela Terra. Queria riscar tua memória, do tempo, da história. Que tua linhagem se extinguisse em você. Que tua carne podre não mais existisse sob o sol.

Queria que esta tua sobrevida continuasse estéril, seca, erma. Queria que de você não houvesse restos.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Porque metade de mim é desejo e a outra, mandei para a puta que o pariu.


Ela tem olhos claros, é mais jovem, mais magra, mais baixa, mais vulgar e mais burra também, porque não? Ela tem buracos onde não deveria e pinta as unhas curtas da cor escura que você maldizia. Ela faz bolo confeitado com o nome de vocês e corações espalhafatosos em glacê, copia músicas sertanejas como prova de amor e tem o sorriso branco mais cheio de dentes que eu já vi na minha vida. Ela tem nome de prostituta decadente, tem cabelos longos, loiros e com cachos perfeitamente irritantemente modelados. Ela tem o gosto por comidas nordestinas que eu nunca tive e você achava absurdo por eu não conseguir engolir víceras de bode. Ela tem os pés menos femininos da face da terra, ela usa roupas bregas e nunca foi apresentada à elegância. Ela tem o que mais me atormenta, mais me tira o sono, mais me faz escrever esse texto: Ela tem você.

E eu? Eu tenho uma sensação de que parece que foi ontem que me vesti de preto e te enterrei aqui. Pás nas mãos, suor no rosto por cavar fundo o buraco na terra e saco preto envolvendo os restos de amor manchado de lama. Na tua lápide eu mandei gravar impropérios e comprei rosas. Muitas rosas vermelhas. Para que fossem símbolo maior do que representas: beleza efêmera cheia de espinhos que penetram fundo.

Meu sentimento não é amor. É menos nobre. Minto! Não há nobreza nele. O que sinto é desejo de vingança, egoísmo e um amargo na boca por ainda ter a cicatriz dos espinhos que foram tão bem penetrados.
Chorei meu luto, ri meu luto, me fiz indiferente ao meu luto e troquei o preto-dor por um outro preto. Um preto-luz. Aquele que despertava teu desejo e calava sentimentos mais complexos.

Hoje, dessas tantas vestes, negras ou não, é o desejo quem me envolve. Aquele que você mandou embora, anos antes de morrer e me fez sentir a pessoa mais estranha do mundo por ainda mantê-lo guardado em mim. Aquele que hoje, ainda que sem nome de prostituta decadente e com olhos escuros, me faz ainda mais alta, mais inteligente, mais mulher, mais sofisticada no paladar e nas companhias, mais charmosa com meus cabelos curtos e mais feliz com meus dentes na quantidade exata. O mesmo desejo que mostrou que tenho corpo bonito, sinto delírio, tenho arrepio, anseio por um toque, dou uns gemido, faço bem ou faço muito bem (depende da inspiração - que você perdeu o interesse em dar). Esse mesmo desejo que você não soube viver e poderia ter salvo tanta coisa, me ensinou que era só minha a escolha quando resolvi te matar e disse para os céus que contigo já era chegada a hora da partida, porque viver uma "relação-sulfê-de-chuchu", nunca foi a minha vocação. O desejo que agora me leva para outros braços, tão bom de abraços e cheiros e suores, é o mesmo que faz brotar de mim uma gargalhada alta, porque a nova mocinha ainda não sabe o quanto de desejo vai ter que engolir se quiser continuar a ser teu par por mais de quatro anos. Eu, cansei.


quarta-feira, 30 de julho de 2008

Pingo e letra




Discover Coldplay!


Olha, vou dizer logo: sonhei contigo. Como foi? Ai...Você sorria, me abraçava e dizia: vamos ficar juntos logo. Não faz esta cara de espanto, você acaba me assustando. Você sabe, esse sonho não é qualquer coisa. Pega um sabonete pra mim? O de óleo de amêndoas. Brigada! Cara, o louco é que você, no sonho, estava feliz. Eu acordei logo depois. Pois é... a gente nunca precisou oficializar nada Nunca foi nosso jeito autenticar nosso lance em cartório com firma reconhecida. Você não achou estranho? Ah, você come coco... Tinha esquecido! Droga. Tá tudo bem, sim... só entrou xampu no meu olho... tá ardendo um pouquinho. Você está espantado com o que? É até patético um cara do seu tamanho com esta cara de que viu assombração por causa de um sonho romântico de uma mulher como eu. Então é você quem acha que eu não sinto tipo de coisa. Você é que nunca soube. E você não saber uma coisa não implica em que ela não possa, de fato, acontecer. Ah... Eu nunca te disse antes nada porque não combinava com a gente. "COMO NÃO?" A gente sempre teve essa coisa de cada um na sua com alguma coisa em comum. Funcionou um tempo razoável. É: funcionou. Do verbo "tô me cagando nas calças de medo". Agora tá perigoso e eu acho de verdade que a gente não devia mais se ver. Assim mesmo, deste jeito: você se veste e eu te esqueço. Por favor, quando sair, bate a porta. Não esquece. Droga. Droga. Droga. Droga. Droga. Droga. Droga.Droga. Droga. Droga. Droga. Droga. Droga. Droga. Ué, o que voce tá fazendo aqui ainda?
Eu sei que eu vou me molhar, eu sempre estive molhado. Minha intenção sempre foi esta. E você, sempre tão moderninha... É que eu já tô na chuva mesmo há um bom tempo, você é que não sabia. E não saber uma coisa não implica que ela não possa, de fato, existir. Sonhos são pra acordar e você é muito chata. Não me olha espantada assim, isso não combina com você, é até patético uma mulher como você ficar com esta cara de quem viu assombração... apesar de você comer coco! Cê tá achando mesmo que agora eu vou me importar com hora, trabalho, fila de banco, fórum, clientes? Esta foi a primeira vez que você disse que gosta de mim. A primeira. E nas entrelinhas, ainda bem que eu sou esperto. Você falou isso me mandando embora. E eu vou ficar. Nem que seja pra pegar sabonetes de óleo de amêndoas ou te ajudar a tirar o xampu do olho.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Sobre o verdadeiro amor,




Ele gosta do Roberto Carlos. E ouve em alto e bom som, cantarolando junto.
Ele acorda às seis e meia da manhã com a disposição de um tri-atleta. Sorri, conta piadas, canta, até gargalha.
Ele acha o máximo ficar pescando durante horas sem dizer uma palavra. Só ouvindo o som do rio, dos pássaros e do motor do barco. Na sombra.
É daqueles que faz piada de tudo. Perde o amigo, mas não a piada. Não poupa a avó, mãe, esposa ou amigo. E todo mundo o ama, mesmo assim e ele também é o oposto disso tudo! Mal humorado, zangadão, bravão. De poucos, mas fiéis amigos, não se preocupa em ser simpático. E quase todo mundo o ama, mesmo assim.
Eu gosto de Marisa Monte, Maria Rita, Vanessa da Mata entre outras vozes femininas. E ouço quietinha, sem muitos alardes. Quando não está tocando Roberto Carlos, é claro.
Eu acordo no último minuto possível. Posso dormir até meio dia, feliz. Nasci pra acordar meio dia, embora a vida me faça pular da cama mais cedo. Até tomar o primeiro café não emito um som. Nem um sorriso. Um mau humor contagiante rs.
Eu acho o máximo ficar horas tomando sol, tagarelando feito uma matraca seja lá com quem for. Do taxista ao frentista do posto. Da garçonete à melhor amiga.
Sou daquelas que pensa mil vezes antes de dizer qualquer coisa, morrendo de medo de magoar alguém. Todo mundo me acha simpática. Eu mesma me acho bacana pra caramba, rs, se você não conhece, não sabe o que está perdendo.
O engraçado disso tudo é que não imagino mais minha vida sem ele. Sem as piadinhas infames, sem o cantarolar do Robertão, sem o mau humor sem fundamento.
Não me imagino mais sem a força que ele me transmite, sem a proteção que me concede, sem a parceria que me faz. Não sei viver sem o amor maluco que ele tem por mim, realizando todas as minhas vontades, sem as mil declarações inesperadas em meio às músicas do Roberto. Sem o melhor abraço do mundo.
Disseram-me que tínhamos que combinar em tudo pra que desse certo – que bobagem! Descobri que o amor é muito mais do que adorarmos sushi. Amor é respeito, companheirismo e parceria. Amor é olhar nos olhos dele e saber que sem ele você não se sentiria a pessoa mais feliz do mundo, mesmo diante de todas as adversidades possíveis. Amor é saber que tudo já deu certo, só porque você o tem. E que sorte eu tenho!

sábado, 26 de julho de 2008

Sob seu ponto de vista...

Todo dia é a mesma coisa.
Chego em casa, brinco com ele, por 1 hora, preparo seu jantar, sentamos à mesa, jantamos. Dou-lhe um banho refrescante, troco sua roupa, ponho o perfume. Ele vai até o pai, na sala, pede-lhe a benção, dá-lhe um beijo de boa noite e um abraço apertado. Vem até seu quarto, onde eu o espero orgulhosa. Ajoelha-se aos pés da cama, e oramos o Santo Anjo (sim, na minha casa as coisas são tradicionais: pai, mãe, avós e adultos, são chamados de senhor/senhora; aqui pede-se lincença, desculpas e a bênção - ao chegar e ao sair - nada de relações moderninhas).
Deitamos em sua cama e, - sim - ele não dorme mais em berço desde que completou 1 ano, dorme numa cama, e lá ficamos abraçados no escuro do quarto, até ele adormecer.
Ao acordar na madrugada, se a saudade aperta, lá vem ele até nosso quarto, e sobe em nossa cama, certo de que será acolhido, pra dormir no ninho do conforto. No quentinho do corpo de seus pais.
Assim a vida dele prossegue, confiante, tranquila e cheia de orgulho.
Nesse cotidiano, observamos, quase como meros espectadores seu desenvolvimento, e, aos poucos, percebemos seu crescimento, dia após dia...
E pensar que até pouco tempo ele media apenas 51cm(...)
Nesses momentos entendo porque algumas mães têm vários filhos: porque à medida que um se torna independetnte, sentimos a necessiade de aninhar outro nos braços e começar a rotina de ensinamentos novamente.
Ser responsável pelo desenvolvimento do carater de alguém, seja, talvez, a maior das competências de uma pessoa, onde nenhuma universidade ensina, onde apenas seus conhecimentos e seus valores, além de seu instinto poderão lhe guiar.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Sobre dentes e coisas no lugar.




A princípio eu não gostei do cheiro do seu pescoço.

Sei lá, cheiro estranho... Toda vez que eu te beijo, eu vou sentir este cheiro? Tem certeza? Ih, meu querido, não vai rolar. E depois, vamos combinar, você ficar aí me ligando toda hora, me mandando torpedo. Eu penso como o Woody Allen, meu bem: “não entraria num clube que me aceitasse como membro”.

A vida era simples. Pra que complicar, tirar tudo do lugar, bagunçar as prateleiras de sentimentos? Dá tanto trabalho este negócio de viver que, só de pensar, já fico cansada. Tô fora.

- Carioca é engraçado.... Acho um absurdo quem não conhece o Cristo, o bondinho... Você já foi ao Cristo?

- Já, sim. Fui até há pouco tempo, uns 12 anos.

Risos

- Mas tenho vontade meeeesmo de ir naquele Parque da Cidade.... sabe?

- Sei, claro! Lá é lindo mesmo. Dá até pra pular de asa delta.

- Ih, lá vem você com estas coisas radicais.

Você riu, mas eu estava falando sério. Gente estranha esta que gosta destas coisas de se arriscar, sair andando por aí, subir em pedras.

No sábado, eu fugi. Fugi. Admito. Como é que é mesmo? Você queria me ver quinta, sexta e sábado? Olha, querido, vou te falar: acho que você não é lá muito certo das idéias. Você não vai me deixar apodrecer vendo televisão? Rá, tá legal.

- Oi!! E então, está um dia lindo! Vamos aproveitar!

- Tá, é? Nem olhei pela janela...

(mentira. Olhei, sim, e também achei lindo. Aliás, eu adoro os dias de inverno. Céu azul. Azul. Azul de verdade. Dia fresquinho. Mas eu sou durona, não quis dar o braço a torcer. E se eu quiser, de verdade, apodrecer vendo tv?)

- Tá, sim. Daqui a uma hora tô indo te buscar.

(em uma hora eu não consigo tomar banho, ajeitar meu cabelo, me maquiar...

- Tá bom, então.

E aí você me levou pro Parque da Cidade e nem se importou quando eu disse que achava esta coisa toda da Terra estar solta no universo e que um dia ela bem que podia ser tragada por um buraco negro e me levou ao cinema e quis até comprar pipoca eu é que não deixei afinal alguém tem que ser o chato e foi um filme bem cult que poucas pessoas iam gostar e você nem reclamou e nem disse que era chato apesar de ter uns 20 minutos de sol se nascendo e sol se pondo e você ainda quis refletir comigo sobre o filme olha que coisa estranha um homem não reclamar de um filme de quase três horas que não tem uma musiquinha sequer e ainda no final querer dar um sentido pra ele.

Acho que tá ficando difícil deixar tudo no mesmo lugar da prateleira. Tá, sim.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Às minhas bússolas.

“Enquanto houver você do outro lado
Aqui do outro eu consigo me orientar
A cena repete a cena se inverte
Enchendo a minh'alma d'aquilo que outrora eu deixei de acreditar

Tua palavra, tua história
Tua verdade fazendo escola
E tua ausência fazendo silêncio em todo lugar

Metade de mim
Agora é assim
De um lado a poesia, o verbo, a saudade
Do outro a luta, a força e a coragem

pra chegar no fim
E o fim é belo incerto... depende de como você vê
O novo, o credo, a fé que você deposita em você e só

Só enquanto eu respirar
Vou me lembrar de você
Só enquanto eu respirar”

(O Teatro Mágico – O anjo mais velho.)



Meu post inaugural vem com trilha sonora. É uma homenagem a essas três mulheres que fizeram, fazem e sempre farão parte da minha vida. Porque não importa a distância física (que é muita), os corações são colados. Não importa a quantidade de abraços já trocados por nós, o calor e o aconchego consolador são sempre bem sentidos. Não importa o que nos aconteça, “enquanto houver vocês do outro lado, aqui do outro eu consigo me orientar...”.

E é com essa orientação perto-longe, que coloco meus pés no chão e recobro a razão. Enxugo os olhos, me permito umas duas ou quatro fungadas e tomo decisões. Funciona bem assim: trocamos confidências, entregamos a alma e damos a liberdade de levarmos uns bofetões vez em quando.

Obrigada pelos bofetões de hoje, queridas. Por um momento esqueci que o meu maior compromisso é com a minha felicidade e não com um passado que tem nome próprio, tem vida própria, mas não tem perspectiva, nem sentido, nem arrepio suficiente para me oferecer. Então, digo adeus ao passado e ao futuro dele (como se passado tivesse algum futuro para oferecer...), e apresso o passo para não me deixar contagiar mais com esses velhos costumes.

Que venha o novo. Os novos momentos, amores, arrepios, sorrisos, filhos, amigos, planos, começos, caminhos, toques...

Elevem suas taças. Eu proponho um brinde ao nosso novo reencontro. Um brinde aos meus pedaços que foram entregues a cada uma de vocês e aos pedaços de vocês, que hoje fazem parte de mim. Um brinde a nós, Patchwork de nós mesmos.





Salut!

Recordações.

Guardo antigas fotografias...
Elas sempre me remetem a sonhos antes desejados. Algumas me arrancam sorrisos, outras erubrecem meu rosto, mostrando-me fatos que eu tento esquecer. Mas elas também me fazem refletir sobre o que eu fiz dos dias que sucederam desde o momento do flash. Me trazem também pessoas já idas e palavras nunca equecidas. Reviver uma antiga foto é como não deixar morrer aquele momento, atirando fora, assim, as cinzas que empoeiravam minha lembrança tão curta. Rever antigos retratos, me fazem lembrar do quanto já fui importante e do quanto já me importei. Sejam, elas, talvez, o maior acervo que tenha a deixar ao meu, hoje, único filho (depois das pessoas que acrescento em seu caminho).
Elas, talvez, me digam ainda, muito de mim que eu ainda não vivi e me recordem de, efetivamente, viver.


(Vivo momentos de rotina, uma rotina, aparentemente diferente. Ora doce, ora isossa. E isso por vezes me inunda de sentimentos bons e contraditórios, o que me obriga a botá-los pra fora. Pra que eles saiam de mim e voem livre por ai, e por aqui.)

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Sejam bem-vindos!!!


Que saudade de escrever!

Que saudade das minhas meninas: Carol, Nilda e Jú.


E que vontade tínhamos de um dia juntar nossas letrinhas em um só canto, afinal sempre soubemos que isso iria virar best seller, rs.


Agora vamos lá, entrem "a casa é nossa" e ainda que a distância física seja um fator importante, aqui - e em nossos corações - São Paulo (SP), Rio de Janeiro(RJ), Vitória de Santo Antão (PE) e Fortaleza (CE) são grudadinhas. É só apertar a campainha da vizinha e juntar a mulherada pra comer brigadeiro de colher. Ah, e falar de tudo aquilo que, às vezes, não conseguimos guardar só pra gente.


Amigos, entrem vocês também. Sejam bem-vindos ao nosso mundo virtual.


Sejam bem-vindos às nossas conjecturas, aventuras, emoções, visões, sonhos, esperanças... Sejam bem-vindos ! Entrem, a casa é de vocês também e saibam, aqui areja um vento bom, como o da música da Marisa. Sim, definitivamente há um vilarejo aqui. Portas e janelas estarão sempre abertas pra SORTE entrar.


Meninas, mãos à obra. Avisem os amigos, vou deixar a porta aberta!


Beijos,


CA




Obs:



Aos poucos mudaremos o layout, aguardem novidades.