terça-feira, 4 de novembro de 2008

Futuro de um pretérito mais-que-perfeito

E eu choraria sereno, fino. Quieta. Aquelas lágrimas impossíveis de amor vertendo, condensado. E você já saberia que, em casos como esse, aconselhável é não falar. Apenas me tomaria como coisa certa, coisa nova. E, com toda a calma que esse momento pediria, me redescobriria devagar: meu rosto, cabelo, minha orelha, nuca e me faria devagar qualquer coisa emocionada.

De sopetão, livraria-se dos lençóis e levantaria-se da cama. Voltaria-se sorrindo e terno e, como se eu fosse criança boba sem entender o porquê daquilo, faria “peraí”, sacudindo pequeno a palma da mão aberta. Eu ficaria ali na sombra do teu sorriso, te admirando orgulhosa. E você nem se demoraria escolhendo o CD.


Discover Nina Simone!
(aperte o play!)



Voltaria-se com passos rápidos e, antes que o piano começasse a tocar, me estenderia a mão. Levantaria-me e te abraçaria com toda vontade que pudesse reunir ali. E dançaríamos tanto e tão miúdo, que até perderia a conta do tempo.

Nenhuma palavra precisaria ser evocada e eu saberia que a escolha a certa.