quinta-feira, 31 de julho de 2008

Porque metade de mim é desejo e a outra, mandei para a puta que o pariu.


Ela tem olhos claros, é mais jovem, mais magra, mais baixa, mais vulgar e mais burra também, porque não? Ela tem buracos onde não deveria e pinta as unhas curtas da cor escura que você maldizia. Ela faz bolo confeitado com o nome de vocês e corações espalhafatosos em glacê, copia músicas sertanejas como prova de amor e tem o sorriso branco mais cheio de dentes que eu já vi na minha vida. Ela tem nome de prostituta decadente, tem cabelos longos, loiros e com cachos perfeitamente irritantemente modelados. Ela tem o gosto por comidas nordestinas que eu nunca tive e você achava absurdo por eu não conseguir engolir víceras de bode. Ela tem os pés menos femininos da face da terra, ela usa roupas bregas e nunca foi apresentada à elegância. Ela tem o que mais me atormenta, mais me tira o sono, mais me faz escrever esse texto: Ela tem você.

E eu? Eu tenho uma sensação de que parece que foi ontem que me vesti de preto e te enterrei aqui. Pás nas mãos, suor no rosto por cavar fundo o buraco na terra e saco preto envolvendo os restos de amor manchado de lama. Na tua lápide eu mandei gravar impropérios e comprei rosas. Muitas rosas vermelhas. Para que fossem símbolo maior do que representas: beleza efêmera cheia de espinhos que penetram fundo.

Meu sentimento não é amor. É menos nobre. Minto! Não há nobreza nele. O que sinto é desejo de vingança, egoísmo e um amargo na boca por ainda ter a cicatriz dos espinhos que foram tão bem penetrados.
Chorei meu luto, ri meu luto, me fiz indiferente ao meu luto e troquei o preto-dor por um outro preto. Um preto-luz. Aquele que despertava teu desejo e calava sentimentos mais complexos.

Hoje, dessas tantas vestes, negras ou não, é o desejo quem me envolve. Aquele que você mandou embora, anos antes de morrer e me fez sentir a pessoa mais estranha do mundo por ainda mantê-lo guardado em mim. Aquele que hoje, ainda que sem nome de prostituta decadente e com olhos escuros, me faz ainda mais alta, mais inteligente, mais mulher, mais sofisticada no paladar e nas companhias, mais charmosa com meus cabelos curtos e mais feliz com meus dentes na quantidade exata. O mesmo desejo que mostrou que tenho corpo bonito, sinto delírio, tenho arrepio, anseio por um toque, dou uns gemido, faço bem ou faço muito bem (depende da inspiração - que você perdeu o interesse em dar). Esse mesmo desejo que você não soube viver e poderia ter salvo tanta coisa, me ensinou que era só minha a escolha quando resolvi te matar e disse para os céus que contigo já era chegada a hora da partida, porque viver uma "relação-sulfê-de-chuchu", nunca foi a minha vocação. O desejo que agora me leva para outros braços, tão bom de abraços e cheiros e suores, é o mesmo que faz brotar de mim uma gargalhada alta, porque a nova mocinha ainda não sabe o quanto de desejo vai ter que engolir se quiser continuar a ser teu par por mais de quatro anos. Eu, cansei.


quarta-feira, 30 de julho de 2008

Pingo e letra




Discover Coldplay!


Olha, vou dizer logo: sonhei contigo. Como foi? Ai...Você sorria, me abraçava e dizia: vamos ficar juntos logo. Não faz esta cara de espanto, você acaba me assustando. Você sabe, esse sonho não é qualquer coisa. Pega um sabonete pra mim? O de óleo de amêndoas. Brigada! Cara, o louco é que você, no sonho, estava feliz. Eu acordei logo depois. Pois é... a gente nunca precisou oficializar nada Nunca foi nosso jeito autenticar nosso lance em cartório com firma reconhecida. Você não achou estranho? Ah, você come coco... Tinha esquecido! Droga. Tá tudo bem, sim... só entrou xampu no meu olho... tá ardendo um pouquinho. Você está espantado com o que? É até patético um cara do seu tamanho com esta cara de que viu assombração por causa de um sonho romântico de uma mulher como eu. Então é você quem acha que eu não sinto tipo de coisa. Você é que nunca soube. E você não saber uma coisa não implica em que ela não possa, de fato, acontecer. Ah... Eu nunca te disse antes nada porque não combinava com a gente. "COMO NÃO?" A gente sempre teve essa coisa de cada um na sua com alguma coisa em comum. Funcionou um tempo razoável. É: funcionou. Do verbo "tô me cagando nas calças de medo". Agora tá perigoso e eu acho de verdade que a gente não devia mais se ver. Assim mesmo, deste jeito: você se veste e eu te esqueço. Por favor, quando sair, bate a porta. Não esquece. Droga. Droga. Droga. Droga. Droga. Droga. Droga.Droga. Droga. Droga. Droga. Droga. Droga. Droga. Ué, o que voce tá fazendo aqui ainda?
Eu sei que eu vou me molhar, eu sempre estive molhado. Minha intenção sempre foi esta. E você, sempre tão moderninha... É que eu já tô na chuva mesmo há um bom tempo, você é que não sabia. E não saber uma coisa não implica que ela não possa, de fato, existir. Sonhos são pra acordar e você é muito chata. Não me olha espantada assim, isso não combina com você, é até patético uma mulher como você ficar com esta cara de quem viu assombração... apesar de você comer coco! Cê tá achando mesmo que agora eu vou me importar com hora, trabalho, fila de banco, fórum, clientes? Esta foi a primeira vez que você disse que gosta de mim. A primeira. E nas entrelinhas, ainda bem que eu sou esperto. Você falou isso me mandando embora. E eu vou ficar. Nem que seja pra pegar sabonetes de óleo de amêndoas ou te ajudar a tirar o xampu do olho.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Sobre o verdadeiro amor,




Ele gosta do Roberto Carlos. E ouve em alto e bom som, cantarolando junto.
Ele acorda às seis e meia da manhã com a disposição de um tri-atleta. Sorri, conta piadas, canta, até gargalha.
Ele acha o máximo ficar pescando durante horas sem dizer uma palavra. Só ouvindo o som do rio, dos pássaros e do motor do barco. Na sombra.
É daqueles que faz piada de tudo. Perde o amigo, mas não a piada. Não poupa a avó, mãe, esposa ou amigo. E todo mundo o ama, mesmo assim e ele também é o oposto disso tudo! Mal humorado, zangadão, bravão. De poucos, mas fiéis amigos, não se preocupa em ser simpático. E quase todo mundo o ama, mesmo assim.
Eu gosto de Marisa Monte, Maria Rita, Vanessa da Mata entre outras vozes femininas. E ouço quietinha, sem muitos alardes. Quando não está tocando Roberto Carlos, é claro.
Eu acordo no último minuto possível. Posso dormir até meio dia, feliz. Nasci pra acordar meio dia, embora a vida me faça pular da cama mais cedo. Até tomar o primeiro café não emito um som. Nem um sorriso. Um mau humor contagiante rs.
Eu acho o máximo ficar horas tomando sol, tagarelando feito uma matraca seja lá com quem for. Do taxista ao frentista do posto. Da garçonete à melhor amiga.
Sou daquelas que pensa mil vezes antes de dizer qualquer coisa, morrendo de medo de magoar alguém. Todo mundo me acha simpática. Eu mesma me acho bacana pra caramba, rs, se você não conhece, não sabe o que está perdendo.
O engraçado disso tudo é que não imagino mais minha vida sem ele. Sem as piadinhas infames, sem o cantarolar do Robertão, sem o mau humor sem fundamento.
Não me imagino mais sem a força que ele me transmite, sem a proteção que me concede, sem a parceria que me faz. Não sei viver sem o amor maluco que ele tem por mim, realizando todas as minhas vontades, sem as mil declarações inesperadas em meio às músicas do Roberto. Sem o melhor abraço do mundo.
Disseram-me que tínhamos que combinar em tudo pra que desse certo – que bobagem! Descobri que o amor é muito mais do que adorarmos sushi. Amor é respeito, companheirismo e parceria. Amor é olhar nos olhos dele e saber que sem ele você não se sentiria a pessoa mais feliz do mundo, mesmo diante de todas as adversidades possíveis. Amor é saber que tudo já deu certo, só porque você o tem. E que sorte eu tenho!

sábado, 26 de julho de 2008

Sob seu ponto de vista...

Todo dia é a mesma coisa.
Chego em casa, brinco com ele, por 1 hora, preparo seu jantar, sentamos à mesa, jantamos. Dou-lhe um banho refrescante, troco sua roupa, ponho o perfume. Ele vai até o pai, na sala, pede-lhe a benção, dá-lhe um beijo de boa noite e um abraço apertado. Vem até seu quarto, onde eu o espero orgulhosa. Ajoelha-se aos pés da cama, e oramos o Santo Anjo (sim, na minha casa as coisas são tradicionais: pai, mãe, avós e adultos, são chamados de senhor/senhora; aqui pede-se lincença, desculpas e a bênção - ao chegar e ao sair - nada de relações moderninhas).
Deitamos em sua cama e, - sim - ele não dorme mais em berço desde que completou 1 ano, dorme numa cama, e lá ficamos abraçados no escuro do quarto, até ele adormecer.
Ao acordar na madrugada, se a saudade aperta, lá vem ele até nosso quarto, e sobe em nossa cama, certo de que será acolhido, pra dormir no ninho do conforto. No quentinho do corpo de seus pais.
Assim a vida dele prossegue, confiante, tranquila e cheia de orgulho.
Nesse cotidiano, observamos, quase como meros espectadores seu desenvolvimento, e, aos poucos, percebemos seu crescimento, dia após dia...
E pensar que até pouco tempo ele media apenas 51cm(...)
Nesses momentos entendo porque algumas mães têm vários filhos: porque à medida que um se torna independetnte, sentimos a necessiade de aninhar outro nos braços e começar a rotina de ensinamentos novamente.
Ser responsável pelo desenvolvimento do carater de alguém, seja, talvez, a maior das competências de uma pessoa, onde nenhuma universidade ensina, onde apenas seus conhecimentos e seus valores, além de seu instinto poderão lhe guiar.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Sobre dentes e coisas no lugar.




A princípio eu não gostei do cheiro do seu pescoço.

Sei lá, cheiro estranho... Toda vez que eu te beijo, eu vou sentir este cheiro? Tem certeza? Ih, meu querido, não vai rolar. E depois, vamos combinar, você ficar aí me ligando toda hora, me mandando torpedo. Eu penso como o Woody Allen, meu bem: “não entraria num clube que me aceitasse como membro”.

A vida era simples. Pra que complicar, tirar tudo do lugar, bagunçar as prateleiras de sentimentos? Dá tanto trabalho este negócio de viver que, só de pensar, já fico cansada. Tô fora.

- Carioca é engraçado.... Acho um absurdo quem não conhece o Cristo, o bondinho... Você já foi ao Cristo?

- Já, sim. Fui até há pouco tempo, uns 12 anos.

Risos

- Mas tenho vontade meeeesmo de ir naquele Parque da Cidade.... sabe?

- Sei, claro! Lá é lindo mesmo. Dá até pra pular de asa delta.

- Ih, lá vem você com estas coisas radicais.

Você riu, mas eu estava falando sério. Gente estranha esta que gosta destas coisas de se arriscar, sair andando por aí, subir em pedras.

No sábado, eu fugi. Fugi. Admito. Como é que é mesmo? Você queria me ver quinta, sexta e sábado? Olha, querido, vou te falar: acho que você não é lá muito certo das idéias. Você não vai me deixar apodrecer vendo televisão? Rá, tá legal.

- Oi!! E então, está um dia lindo! Vamos aproveitar!

- Tá, é? Nem olhei pela janela...

(mentira. Olhei, sim, e também achei lindo. Aliás, eu adoro os dias de inverno. Céu azul. Azul. Azul de verdade. Dia fresquinho. Mas eu sou durona, não quis dar o braço a torcer. E se eu quiser, de verdade, apodrecer vendo tv?)

- Tá, sim. Daqui a uma hora tô indo te buscar.

(em uma hora eu não consigo tomar banho, ajeitar meu cabelo, me maquiar...

- Tá bom, então.

E aí você me levou pro Parque da Cidade e nem se importou quando eu disse que achava esta coisa toda da Terra estar solta no universo e que um dia ela bem que podia ser tragada por um buraco negro e me levou ao cinema e quis até comprar pipoca eu é que não deixei afinal alguém tem que ser o chato e foi um filme bem cult que poucas pessoas iam gostar e você nem reclamou e nem disse que era chato apesar de ter uns 20 minutos de sol se nascendo e sol se pondo e você ainda quis refletir comigo sobre o filme olha que coisa estranha um homem não reclamar de um filme de quase três horas que não tem uma musiquinha sequer e ainda no final querer dar um sentido pra ele.

Acho que tá ficando difícil deixar tudo no mesmo lugar da prateleira. Tá, sim.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Às minhas bússolas.

“Enquanto houver você do outro lado
Aqui do outro eu consigo me orientar
A cena repete a cena se inverte
Enchendo a minh'alma d'aquilo que outrora eu deixei de acreditar

Tua palavra, tua história
Tua verdade fazendo escola
E tua ausência fazendo silêncio em todo lugar

Metade de mim
Agora é assim
De um lado a poesia, o verbo, a saudade
Do outro a luta, a força e a coragem

pra chegar no fim
E o fim é belo incerto... depende de como você vê
O novo, o credo, a fé que você deposita em você e só

Só enquanto eu respirar
Vou me lembrar de você
Só enquanto eu respirar”

(O Teatro Mágico – O anjo mais velho.)



Meu post inaugural vem com trilha sonora. É uma homenagem a essas três mulheres que fizeram, fazem e sempre farão parte da minha vida. Porque não importa a distância física (que é muita), os corações são colados. Não importa a quantidade de abraços já trocados por nós, o calor e o aconchego consolador são sempre bem sentidos. Não importa o que nos aconteça, “enquanto houver vocês do outro lado, aqui do outro eu consigo me orientar...”.

E é com essa orientação perto-longe, que coloco meus pés no chão e recobro a razão. Enxugo os olhos, me permito umas duas ou quatro fungadas e tomo decisões. Funciona bem assim: trocamos confidências, entregamos a alma e damos a liberdade de levarmos uns bofetões vez em quando.

Obrigada pelos bofetões de hoje, queridas. Por um momento esqueci que o meu maior compromisso é com a minha felicidade e não com um passado que tem nome próprio, tem vida própria, mas não tem perspectiva, nem sentido, nem arrepio suficiente para me oferecer. Então, digo adeus ao passado e ao futuro dele (como se passado tivesse algum futuro para oferecer...), e apresso o passo para não me deixar contagiar mais com esses velhos costumes.

Que venha o novo. Os novos momentos, amores, arrepios, sorrisos, filhos, amigos, planos, começos, caminhos, toques...

Elevem suas taças. Eu proponho um brinde ao nosso novo reencontro. Um brinde aos meus pedaços que foram entregues a cada uma de vocês e aos pedaços de vocês, que hoje fazem parte de mim. Um brinde a nós, Patchwork de nós mesmos.





Salut!

Recordações.

Guardo antigas fotografias...
Elas sempre me remetem a sonhos antes desejados. Algumas me arrancam sorrisos, outras erubrecem meu rosto, mostrando-me fatos que eu tento esquecer. Mas elas também me fazem refletir sobre o que eu fiz dos dias que sucederam desde o momento do flash. Me trazem também pessoas já idas e palavras nunca equecidas. Reviver uma antiga foto é como não deixar morrer aquele momento, atirando fora, assim, as cinzas que empoeiravam minha lembrança tão curta. Rever antigos retratos, me fazem lembrar do quanto já fui importante e do quanto já me importei. Sejam, elas, talvez, o maior acervo que tenha a deixar ao meu, hoje, único filho (depois das pessoas que acrescento em seu caminho).
Elas, talvez, me digam ainda, muito de mim que eu ainda não vivi e me recordem de, efetivamente, viver.


(Vivo momentos de rotina, uma rotina, aparentemente diferente. Ora doce, ora isossa. E isso por vezes me inunda de sentimentos bons e contraditórios, o que me obriga a botá-los pra fora. Pra que eles saiam de mim e voem livre por ai, e por aqui.)

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Sejam bem-vindos!!!


Que saudade de escrever!

Que saudade das minhas meninas: Carol, Nilda e Jú.


E que vontade tínhamos de um dia juntar nossas letrinhas em um só canto, afinal sempre soubemos que isso iria virar best seller, rs.


Agora vamos lá, entrem "a casa é nossa" e ainda que a distância física seja um fator importante, aqui - e em nossos corações - São Paulo (SP), Rio de Janeiro(RJ), Vitória de Santo Antão (PE) e Fortaleza (CE) são grudadinhas. É só apertar a campainha da vizinha e juntar a mulherada pra comer brigadeiro de colher. Ah, e falar de tudo aquilo que, às vezes, não conseguimos guardar só pra gente.


Amigos, entrem vocês também. Sejam bem-vindos ao nosso mundo virtual.


Sejam bem-vindos às nossas conjecturas, aventuras, emoções, visões, sonhos, esperanças... Sejam bem-vindos ! Entrem, a casa é de vocês também e saibam, aqui areja um vento bom, como o da música da Marisa. Sim, definitivamente há um vilarejo aqui. Portas e janelas estarão sempre abertas pra SORTE entrar.


Meninas, mãos à obra. Avisem os amigos, vou deixar a porta aberta!


Beijos,


CA




Obs:



Aos poucos mudaremos o layout, aguardem novidades.