quinta-feira, 27 de agosto de 2009



Ele queria ser pássaro.

Todo o seu anseio era voar.
Ele buscou fugir de todo e qualquer, dever e modelos sociais.
Voou longes céus.
Instalou-se, fez seu ninho.
Formou novas amizades.
Viveu uma nova vida.
Criou e fecundou uma nova e linda família.
Sem planos, sem sonhos, sem grandes ambições.
Ele apenas viveu.
Um dia após o outro.
Mas continuava com o sonho de ser pássaro.
De soltar as amarras de si mesmo.
De fluir.
De sonhar.
Ele apenas viveu.
Seja seu desejo, meu amigo.
Seja a sua alma o pássaro que habitou em você.

Sua amiga


*Em memória de Nathan Raff.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Futuro de um pretérito mais-que-perfeito

E eu choraria sereno, fino. Quieta. Aquelas lágrimas impossíveis de amor vertendo, condensado. E você já saberia que, em casos como esse, aconselhável é não falar. Apenas me tomaria como coisa certa, coisa nova. E, com toda a calma que esse momento pediria, me redescobriria devagar: meu rosto, cabelo, minha orelha, nuca e me faria devagar qualquer coisa emocionada.

De sopetão, livraria-se dos lençóis e levantaria-se da cama. Voltaria-se sorrindo e terno e, como se eu fosse criança boba sem entender o porquê daquilo, faria “peraí”, sacudindo pequeno a palma da mão aberta. Eu ficaria ali na sombra do teu sorriso, te admirando orgulhosa. E você nem se demoraria escolhendo o CD.


Discover Nina Simone!
(aperte o play!)



Voltaria-se com passos rápidos e, antes que o piano começasse a tocar, me estenderia a mão. Levantaria-me e te abraçaria com toda vontade que pudesse reunir ali. E dançaríamos tanto e tão miúdo, que até perderia a conta do tempo.

Nenhuma palavra precisaria ser evocada e eu saberia que a escolha a certa.



terça-feira, 21 de outubro de 2008

Sobre a efemeridade de nossas vidas.


Hoje fiz muitas ligações, porém, dentre tantas e entre tantos casos e causos que ouvi, uma, especialmente, me chamou a atenção:
Liguei à procura de uma senhora - constava em nossos arquivos o não-pagamento da última parcela de seu carnê - e ao ligar uma garota atendeu, tranquila, voz calma. Ao perceber que não se tratava da pessoa a quem eu procurava, não entrei em maiores detalhes, comuniquei apenas o nome da empresa e não me demorei. Tão logo ela reconheceu o nome da empresa, informou de pronto que todos os pagamentos estavam sim efetuados.
Como de praxe, informe que se fazia necessário passar um fax do comprovante, sob pena do nome da cliente ser negativado. Ela me informou que se tratava de sua mãe, e que, ao adquirir o material estava doente, vindo a falacer alguns meses depois...
Nesse momento emudeci.
(,,,)
Situações assim costumam acontecer, porém essa, hoje, me fez refletir sobre o quão efêmeros somos e o quanto de sopro de vida há em cada um de nós.
Aquela senhora, que agora jaz em seu túmulo, fez planos, projetos, construiu sonhos, assumiu compromissos, dívidas e sumcumbiu.
Não estamos prontos pra nossa própria morte, mas nos desgastamos tanto com coisas fúteis e vazias. Perdemos nosso curto tempo com atitudes estéreis e não sabemos o que está por vir.
Essa ligação, em especial, me fez refletir sobre o que tenho feito de meus dias e o quanto de boas ações - voluntárias - tenho praticado.
Me fez temer deixar meu filho, e muito mais, ainda, que ele me deixe.
Isso me tocou.
Então, caros meus, não sejamos levianos com os sentimentos alheios, e não aturemos gente leviana. Não projetemos injustiças ao nosso próprio favor.
Temos apenas um sopro de vida, e não sabemos o quanto de fôlego ainda nos resta.
Não sabemos quão saudosos seremos depois que partirmos.
É preciso fazer nossa vida hoje! Projetar boas obras no agora!!
Porque o amanhã jaz num pedido formal de desculpas e numa desconsideração de cobrança indevida...

terça-feira, 14 de outubro de 2008

O milagre da vida

Texto escrito em 02 de outubro de 2008.

Eu poderia começar esse texto contando da trajetória de luta e espera até aqui. Poderia falar dos sofrimentos e das dores, das dúvidas e dos sonhos, mas não. Hoje não! Hoje é dia de alegria. Não é dia de lembranças obscuras do que poderia ter sido. Hoje é dia do que é! Dia de contar pra vocês que meu bebê é absolutamente perfeito, que brinca dentro da minha barriga como se estivesse numa piscina de bolinhas. Perninhas pra lá e pra cá, mãozinhas pra cima e pra baixo, piruetas. Ele pega um impulso com as perninhas e se joga pro outro lado numa destreza como se não tivesse apenas 5 centímetros (na realidade com as perninhas, uns 8).

De declarar pra vocês que ele é a maior alegria da minha vida. Que nada, nem de longe nesses meus 34 anos de vida me deixou tão feliz, me sentindo tão abençoada, tão completa.

Hoje esperando na sala do consultório, disse ao Zago que estava sentindo que ia enfartar! De tanta ansiedade, de tanta emoção. Meu coração parecia não suportar a espera por saber tudo o que soube, por constatar que Deus está trabalhando em mim e que sim Ele tinha um plano muito maior e que toda tristeza, toda dor e medo não foi em vão. Tudo vem na hora que tem que vir e sei que esse é o melhor momento pra que esse ser que gero em meu ventre venha ao mundo. Chegará a um lar repleto de tanto amor, de tanta paz e de tanta luz que acho que lá da minha barriga ele já pode sentir!

Amigos, hoje mais do que nunca, agradecer TODOS os momentos de força que me passaram. Não sabem como isso foi fundamental. Fundamental.

Poder vibrar e comemorar com vocês hoje é mais que uma benção!!!!

Beijos nossos...

Atualizado em 14 de outubro de 2008:

Hoje, com 13 semanas, ele está ainda mais lindo e forte, já dobrou de tamanho desde o ultimo ultra. Já ouvi seu coraçãozinho, tão forte, batendo a 160 por minuto no consultório (antes só através da ultrassonografia era possível). Minha barriga já está aparecendo e a fase mais crítica já passou e agora respiro aliviada, só desfrutando da felicidade de ver meu filho crescendo. É o milagre da vida acontecendo em mim. Não poderia me sentir mais abençoada.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Para você, com toda a minha sinceridade.


Você vai morrer de câncer!

Pode esperar!

Você vai morrer de morte silenciosa, dolorosa e sozinho.

Pessoas como você acabam assim, não há como fugir à regra.

Esse seu ar de superioridade, esse seu pouco caso com as coisas que lhe são apresentadas, essa sua pretensão em achar que todos à sua volta são menores do que você e que você está acima de tudo, não passa, na verdade, de uma ilusão criada por sua mente doente, pra esconder sua fraqueza. Seus olhos, que não fitam outros olhos, demonstram bem quanta tristeza e vazio existe em você.

Talvez você tenha criado esse personagem pra fugir da vida triste e de abandono que você teve.

Dá pena! Sim, dá!

Você não tem nada!!! Nem bens materiais. Nem afetivos. Nem amigos verdadeiros.

É oco. Rejeitado. Infeliz. Pobre.

Não consegue transmitir confiança a ninguém e as pessoas tripudiam de você, pelas costas, claro, porque você não se dá a liberdade de parecer normal, humano, de sentar e conversar francamente com alguém. Agarra-se ao que não é seu e vai levando essa mentira até onde aguentar.

Você é pobre de vocabulário, motivo pelo qual, talvez, fale tão pouco.

Sua gramática é irrisória e sua redação vergonhosa.

Você é pobre de sorriso, e seja essa, talvez, uma de suas maiores pobrezas...

Você é pobre de espírito.

Engana, mente, trapaceia.

Sente-se grande em humilhar quem você julga mais fraco.

Sinto muita pena de você, principalmente quando você me subestima...

Esse é o único sentimento que eu consigo ter sobre você.

Talvez, daqui há uns meses, ou anos, eu saiba por ai de sua condição terminal, sentirei ainda mais pena porque você teve a chance de mudar seu destino, mas preferiu viver na mentira do seu castelinho de areia.

O vento é implacável! Ele sempre derruba castelos de areias que as crianças erguem...

Cresça, assuma a postura de homem! H-O-M-E-M de valores e princípios.

Nem coragem de formar uma família você tem!

Quem não se doa, quem guarda tudo pra si, quem não dá o sangue, quem não luta por uma causa, morre só. A mingua.

Nunca quis ocupar esse troninho ilusório que você pensa possuir.

Continuo sentindo muita pena de você.


Que a medicina avance e cure seu melanoma e você ainda tenha uma chance de viver - (A)Efetivamente!!


Cordialmente,

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Recado para ele que entendeu tudo errado!




Eu sabia, desde a primeira palavra dita e escrita, que corria o risco de não ser compreendida. E corro mais uma vez. Sou passional, subliminar e a minha tendência ao exagero chega ao ponto de me tornar quase caricata. Te avisei? Não? Pois é... Então, veja bem meu lindo, eu não estou apaixonada por você. Mas talvez quisesse vê-lo amanhã e o quis ontem, e sentia falta quando você não me dava notícias, ainda que por mensagens curtas. E eu sentia ciúmes. Isso para você pareceu pressa. Para mim, humanidade. Não te vi como uma certeza, mas ousei vê-lo como uma possibilidade, confesso. Isso bastou para te deixar imaginando que eu andava anos luz à tua frente no quesito "gostar". A verdade é que talvez eu chegasse a me apaixonar por você se um dia tivesse visto reciprocidade nos teus olhos, ao invés de medo e susto, quando eu era direta e te fazia as perguntas que me causavam dúvidas, te chamava para perto nos momentos de vontade e te dizia as verdades que pairavam na minha cabeça! Você entende do que estou falando, não? Será que mais uma vez estou escrevendo tão subjetivamente? Não quis de ti promessas, certeza de um futuro bom, algemas na vida, obrigações, tensões. Quis que estivesse por perto vez em quando, ou vai ver que quis que desejasse estar por perto. E só. Porque eu sei que é a partir desse "perto" que qualquer coisa pode acontecer (ou não acontecer). Mas como você disse, não pode fazer mais nada além do que está fazendo (que parece ser manter uma distância "segura" de mim). E se você não sabe o que é melhor para se fazer agora, talvez eu tenha que descobrir. Minhas desculpas por te deixar pisando em ovos. Nunca foi a minha intenção, até porque a garotinha que mora aqui já passou por poucas e boas, ouviu meio mundo de coisas e não se surpreende fácil. Obrigada por ter me dado respostas. O silêncio permite mil interpretações. O explícito deixa tudo claro. O silêncio me torturaria. E eu não sou masoquista.

Tem mais. Eu não sou uma mulher para ser entendida, sou uma mulher para ser beijada.

Por fim, acredite, você também é especial.

Beijos.


* Porque a verdade é que eu o quero. E o quero muito! Mas no momento em que ele suspeitou desse muito, entrou em pânico e ficou cheio de "não-me-toque" (ou pelo menos eu achei que sim). Escrevi uma coisa, ele compreendeu que era outra, então veio com uma resposta que me pareceu um "adeus" e, não sei se por medo de quebrar a cara mais uma vez, ou se por instinto de jogo, mas mereceu isso que se lê acima.
O resultado chegou poucas horas depois e mais ou menos assim: "J, você é uma INCÓGNITA para mim!!! Também tenho vontade de te ver e a gente não se falou esses dias por simples desencontro mesmo... normal de uma semana corrida... Quando falei que não podia fazer mais nada, não era com relação às minhas atitudes, não. Era só com o fato de estar sendo sempre o mais honesto que posso contigo. Vamos assistir a um filme aqui em casa quinta-feira??? A gente vê o que é melhor para você. Combina. Se fala."
Depois tiveram três ligações, dengo na voz e um final de noite feliz.

Porque, diabos, homens e mulheres simplesmente não falam a mesma linguagem? Se a gente se entendesse seria tão mais fácil... E não adiantam me falar dos tais planetas diferentes (Marte e Vênus). Será que dava para eu ser compreendida? Hunf!

PS. Claro que depois vem um post explicando quem é o novo ragazzo!


terça-feira, 9 de setembro de 2008

Nada mais no lugar.




A princípio, eu não gostei do cheiro do seu pescoço.

Mas depois percebi que não era no pescoço que se tratava. Era do seu nariz, da sua boca. Você todo tem um cheiro estranho. E você é rosa-neon e sua demais. Por que eu não me levei a sério? Por que eu não me levo a sério? Por que eu ainda insisti, se eu definitivamente não tinha gostado de você de cara? Não, meu bem. Não é porque você é um delicinha, não. Você cheira à manteiga rançosa. Desculpa, mas este foi o único eufemismo que consegui.

Porque, pra mim, sempre teve que ser pra tirar o pé do chão e viajar junto. “Mas eu gosto cada vez mais de viajar sozinho”, você me disse e pensou que eu não fosse entender sua frase. Claro que o contexto era diferente, mas estava dito. Mais uma coisa: além de você cheirar a bacon, ainda menosprezou meu talento e minha inteligência. Ah, não.

E sábado você quis colocar o papo em dia.

- Que?

Vanessa da Mata bombava no meu iPod mental. Tinha orquestra, tinha piano. E tinha ele. E eu estava lá. Toda lá. Toda dele.


Case-se comigo, antes que amanheça, antes que não pareça tåo bom partido.
Antes que eu padeça, case comigo. Quero dizer pra sempre que eu te mereço, que eu me pareço com o seu estilo. E existe um forte pressentimento dizendo que eu sem você é como você sem mim.
Antes que amanheça, que seja sem fim antes que eu acorde, seja um pouco mais assim.
Meu príncipe, meu hóspede, meu homem, meu marido

Meu príncipe, meu hóspede, meu marido.
Case-se comigo antes que amanheça, antes que não me apareça tão bom partido. Case-se comigo. Antes que eu padeça, case-se comigo. Eu quero dizer pra sempre que eu te mereço, que eu me pareço com o seu estilo. E existe um forte pressentimento dizendo que eu sem você é como você sem mim. Antes que amanheça, que seja sem fim.

Antes que eu acorde, seja um pouco mais assim.



- bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla... E você?
- Oi?
- E você, tudo bem?
- Pois é, então (
sempre uso esta frase quando eu sei o que dizer, mas não quero). Tenho que fazer um interurbano, desculpa. Com licença.
- Vai viajar?
- Já estamos, eu e ele.


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